A folha de coca (cujo
consumo mesmo se em grandes quantidades, leva apenas à absorção de uma dose
minúscula de cocaína) é usada comprovadamente há mais de 5000 anos pelos povos nativos da América do Sul. Eles a
mastigavam para ajudar a suportar a fome, a sede e o cansaço, sendo, ainda
hoje, consumida legalmente em alguns países (Bolívia)
sob a forma de chá (a absorção do princípio ativo, por esta via, é muito
baixa). Os Incas e
outros povos dos Andes usaram-na certamente, permitindo-lhes trabalhar a
altas altitudes, onde a rarefação do ar e o frio tornam o trabalho árduo
especialmente difícil. A sua ação anorexiante (supressora da fome) lhes
permitia transportar apenas um mínimo de comida durante alguns dias.
Inicialmente os
espanhóis, constatando o uso quase religioso da planta, nas suas tentativas de
converter os índios ao cristianismo, declararam a planta produto do demónio.
O seu uso entre os
espanhóis do novo mundo espalhou-se, sendo as folhas usadas para tratar feridas
e ossos partidos
ou curar a constipação/resfriado. A coca foi levada para a
Europa em 1580.
A Coca-Cola seria
inventada em parte como tentativa de competição dos comerciantes americanos com
o vinho
Mariani importado
da Itália. A Coca-Cola continuaria desde
a sua invenção até 1903 a incluir cocaína nos seus ingredientes, e os seus
efeitos foram sem dúvida determinantes do poder atrativo inicial da bebida.
A cocaína tornou-se
popular entre as classes altas no fim do século XIX.
Entre consumidores famosos do vinho Mariani contavam-se Ulysses Grant,
o Papa Leão XIII,
que até apareceu na publicidade do produto e Frédéric Bartholdi (francês, criador da Estátua da liberdade), que comentou que se
o vinho tivesse sido inventado mais cedo teria feito a estátua mais alta. A cocaína foi nessa altura popularizada como tratamento
para a toxicodependência de morfina.
A cocaína tem
o aspecto de um pó
branco cristalino de sabor amargo (é um sal,
hidrocloreto de cocaína). Pode ser consumida por várias vias, sendo bem
absorvida por todas, mas o modo mais comum é pela aspiração da droga, que
normalmente se apresenta sob forma de pó. Alguns consumidores chegam a injetar a droga
diretamente na corrente sanguínea, o que eleva consideravelmente o risco de uma
parada cardíaca irreversível, causada por uma overdose.
A Cocaína tem uma meia vida de 30 a 60 minutos sendo biotransformada no
fígado e pelas estreases plasmáticas. Sua eliminação é feita pela urina sob a
forma de 4 subprodutos. Ecgonina, Ecgonina-metilester (sem atividade
vasoconstritora), norcaína (potente vaso constritor) e o principal metabólito,
benzilecgonina (detectável em até 30 dias). Portanto, ao contrário do que a
maioria das pessoas pensam, quando se busca uma droga no organismo, a depender
do tempo de ingestão, começa-se pela identificação dos produtos.
A cocaína é um inibidor da enzima MAO
(monoamina oxidase), da recaptação e estimulante da
liberação de noradrenalina e dopamina, existentes
nos neurônios. A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores cerebrais que são secretados para a sinapse,
de onde são recolhidos outra vez para dentro dos neurônios por esses
transportadores inibidos pela cocaína.
Logo o seu consumo aumenta a concentração e duração desses
neurotransmissores. Os efeitos são similares aos das anfetaminas, mas
mais intensos e menos prolongados. Causa
constrição local.
Os sintomas de envenenamento
pela cocaína referem-se sobretudo
ao sistema nervoso central. Ela estimula os
centros respiratórios, elevando a velocidade e profundidade da respiração.
Efeitos imediatos da Cocaína
A cocaína causa danos
cerebrais microscópicos significativos com cada dose. Com o início do consumo
regular os danos tornam-se irreversíveis.
(I) efeitos psicológicos: euforia, sensação de poder, ausência de medo,
ansiedade, agressividade, excitação física, mental e sexual, anorexia (perda do
apetite), insônias, delírios.
(II) efeitos nos organismos:
taquicardia, aumento na frequência cardíaca (sensação do coração bater mais
rápido e mais forte contra o peito), hipertensão arterial, vasoconstrição,
urgência de urinação, tremores, dilatação da pupila, hiperglicemia, suor e
salivação intensa e com textura grossa, dentes anestesiados.
Efeitos em altas doses
De acordo com a
percentagem de pureza da cocaína consumida. Para alguns organismos, com apenas
1g, os efeitos abaixo já começam a aparecer.
Os efeitos são: convulsões,
depressão neuronal, alucinações, paranoia (geralmente reversível), taquicardia,
mãos e pés adormecidos, depressão do centro neuronal respiratório, depressão
vasomotora e até mesmo coma e morte em
uma overdose.
As overdoses de
cocaína são rapidamente fatais. Caracterizam-se por arritmias cardíacas,
convulsões epilépticas generalizadas e depressão respiratória com asfixia.
Efeitos a longo prazo
A cocaína apresenta
fenômeno de tolerância bem definido e de estabelecimento rápido. Para obter os
mesmos efeitos, o consumidor tem de usar doses cada vez maiores. Os efeitos da
cocaína, com o tempo, começam a durar menos e começam a ter intensidade menor com
o tempo de uso, então o consumidor consome cada vez mais a droga para se
satisfazer na mesma intensidade que antes. Provoca danos cerebrais extensos em um
curtíssimo período de tempo de consumo.
A longo prazo (alguns
meses) ocorrem invariavelmente múltiplas hemorragias cerebrais com morte
extensa de neurônios e perda progressiva das funções intelectuais
superiores. São comuns síndromes psiquiátricas como esquizofrenia e depressão profunda unipolar.
Efeitos a longo prazo:
·
Perda de memória
·
Perda da capacidade de concentração mental
·
Perda da capacidade analítica.
·
Falta de ar permanente, trauma pulmonar, dores torácicas
·
Destruição total do septo nasal (se inalada).
·
Perda de peso até níveis de desnutrição
·
Cefaleias (dores
de cabeça)
·
Síncopes (desmaios)
·
Distúrbios dos nervos periféricos ("sensação do corpo ser
percorrido por insetos")
·
Silicose,
pois é comum o traficante adicionar talco industrial para aumentar seus lucros,
fato verificado em necropsia, exame de hemogramas.
Efeitos tóxicos agudos
Estes efeitos podem
ocorrer ou não após uma única dose baixa, mas são mais prováveis com o uso continuado
e em doses altas:
·
Arritmias cardíacas: complicação possivelmente fatal.
·
Trombose coronária com enfarte do miocárdio (provoca 25% dos
enfartes totais em jovens de 18-45 anos)
·
Trombose cerebral com AVC.
·
Outras hemorragias cerebrais devidas à vasoconstrição simpática.
·
Necrose (morte celular) cerebral
·
Hipertermia com coagulação disseminada
potencialmente fatal.
A cocaína
interfere diretamente no modo como o cérebro usa a dopamina para enviar
mensagens entre um neurônio e outro. Basicamente, a cocaína evita que os
neurônios “desliguem” o sinal receptivo de dopamina, resultando numa ativação
anormal dos caminhos de recompensa.
Em
experimentos com animais, a cocaína eleva em três vezes os níveis de cocaína.
Estima-se que entre 14 e 20 milhões de pessoas sejam dependentes de cocaína,
droga que movimenta cerca de 75 bilhões de dólares anualmente. O entorpecente é
tão perigoso que cerca de 21% das pessoas que o experimentam uma única vez
tornam-se dependentes.
Pelo Professor Eudo
Robson
- Técnico em Química
- Manipulador de Medicamentos
- Esteticista
- Cosmologista
- Dermo-Farmacêutico
- Químico Industrial
- Mestre em Química
- Doutorando em Cosmetologia
Cleopatra S. Planeta; Fábio C. Cruz – Revista
de Psiquiatria Clínica
Por Juan Antonio Galbis Pérez - Panorama actual de la química farmacêutica
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